"Eu queria ter outro cabelo"Chris Oliveira, 35 anos, empresária
Cristina Oliveira nasceu em 25 de dezembro e todos os anos pedia ao Papai Noel o mesmo presente: "Quero um cabelo novo". Em outras palavras, a menina queria um estilo liso e sedoso. Passou a infância sonhando com esse visual, enquanto criava penteados em uma boneca loira. Mais tarde, começou a trançar o próprio cabelo, o da irmã, das primas e das vizinhas, na tentativa de produzir um look diferente. Não só conseguiu o que queria, como passou a assumir sua negritude e seu cabelo cacheado. Melhor que isso: transformou o sonho do passado em um negócio. Há dez anos, ela comanda um salão de cabeleireiro onde só trabalham negras, dez ao todo.
Filha de um segurança branco e uma metalúrgica negra, Chris é a caçula de cinco irmãos, criados no Jardim Ângela, periferia da cidade de São Paulo. Estudou em escolas públicas e sonhava em ser estilista. Até chegou a pagar metade da bolsa da faculdade de moda na Universidade Paulista (UNIP), trabalhando como secretária e fazendo bicos de artesanato. Única negra na sala de aula, conquistava os professores pelas roupas que customizava. "Transformava calça em colete para compensar as grifes das colegas."
Um dia, arrumou uma vaga de "estagiária da estagiária" no Projac, a central de produção da Rede Globo, e foi para o Rio com a esperança de mudar de vida. Lá, para ganhar "algum", trançou o cabelo de um amigo atleta, que a indicou para fazer o cabelo do jogador de basquete Anderson Varejão. Topou na hora e teve uma baita sorte. Enquanto preparava o atleta, a equipe do Jornal Nacional apareceu para entrevistá-lo. "Anderson disse na entrevista que eu era a cabeleireira dele há anos. No dia seguinte, meu telefone não parou de tocar", diz Chris. Ela, então, montou um estande em um evento afro em São Paulo e não parou mais. Fez até a cabeça das modelos de Alexandre Herchcovitch em uma das edições da SPFW. Tornou-se, sobretudo, uma consultora de imagem que defende a diversidade. "Se as loiras podem ter dreads as negras podem ser loiras. Viva a miscigenação!"
Negra fashion que é, ela ainda enfrenta situações claras de preconceito, como passar meia hora invisível em loja de grife, mesmo sendo a única cliente, ou ser intimidada na porta de um restaurante, por um segurança: "Tem certeza de que é aqui?". "Nesse dia, me bateu um orgulho bobo. Primeiro, demorei para escolher o prato. Depois, pedi o mais caro e paguei em dinheiro, com notas altas." Para mudar esse cenário de preconceito, Chris acredita nas políticas de inclusão, mas também em lutar individualmente contra o que chama de "síndrome da senzala". "Faça parte, se coloque, não aceite o papel de vítima que o outro te coloca."
Visite o site da Chris Oliveira o melhor do segmento http://www.ciadastrancas.com.br/ e saiba ainda mais de seu maravilhoso trabalho com penteados afro. Bem vindos!
http://www.revistabrasileiros.com.br/edicoes/52/textos/1827/
Veja também a matéria completa com outra mulheres negras, ficou interessante.
vc eh uma artista espetacular
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